Curso de Medicina na Universidade do Algarve

"A Associação Nacional de Estudantes de Medicina vem partilhar com os colegas a sua posição acerca da abertura do novo curso de Medicina na Universidade do Algarve.

Alerta-se para o desnecessário aumento de numerus clausus com base nos reais números das necessidades de médicos em Portugal, bem como para a falta de pertinência do modelo proposto e inconvenientes que lhe estão associados.

Esta posição foi enviada para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ministério da Saúde, Presidência do Conselho de Ministros, Comissão Parlamentar de Saúde e Segurança Social, Escolas Médicas, Ordem dos Médicos, Conselho Nacional do Internato Médico e Conselho Nacional do Médico Interno."


Posição da ANEM sobre a abertura do novo curso de Medicina na Universidade do Algarve:
http://www.anem.pt/files/A001_news/posicao_abertura_medicina_algarve.pdf

Eu estou à espera que abram de facto os concursos para ver como se vai processar a seleção e estou bastante curiosa quanto às pessoas que vão ser selecionadas (principalmente os seus cursos de origem)
Quanto ao aumento de vagas, parece-me óbvio que daqui a uns anos vai tornar-se um problema e que face aos numeros clausus actuais este aumento continuo já não faz sentido. Um aumento agora só se faz sentir daqui a mais de 6 anos e estas noticias sobre o aumento de vagas em medicina servem de propaganda política em ano de eleições.

Hmm depois da imprensa ter anunciado à boca grande que este surto de gripe aborrotou as urgências por este país fora, pq não conseguiam dar resposta, ainda vamos ouvir falar muito outra vez da suposta "falta de médicos", e da "necessidade de aumento do numero clausus". E vai ser o zé povinho a engoli-lo todo.

Depois de ler a posição da ANEM na sua totalidade sou obrigado a concordar com essa mesma associação. Dantes achava bastante inovador mas não estava por dentro dos contornos do curso. Pensava apenas que seriam mais uma vagas na região sul onde não existem de facto escolas médicas. Se o curso abrisse nos mesmo formatos das actuais faculdades e com vagas para novos alunos vindos do secundário estaria de acordo em que se retirasse algumas vagas das faculdades instituídas e as transferissem para uma eventual faculdade no Algarve.

Eruasemmo escreveu:Hmm depois da imprensa ter anunciado à boca grande que este surto de gripe aborrotou as urgências por este país fora, pq não conseguiam dar resposta, ainda vamos ouvir falar muito outra vez da suposta "falta de médicos", e da "necessidade de aumento do numero clausus". E vai ser o zé povinho a engoli-lo todo.

Mas as pessoas é que não tentam puxar pela cabeça, obviamente que nenhum hospital poderá ter, em situações epidémicas, resposta instantânea a cada nova pessoa que passa pelas portas das urgências! Não é possível sob o ponto de vista de recursos humanos e de infra-estruturas ter um atendimento a esse nível. Mesmo que todos os médicos de uma hospital acorressem no mesmo momento ao serviço seria tal o pandemónio que ninguém se entederia.

O problema é que a imprensa tem sempre a mania de simplificar as coisas (ou distorce-las da maneira que lhes é mais rentável), e portanto ninguém vai pensar na situação epidemiológica que foi mas sim "na péssima organização e falta de recursos humanos do SNS". É sempre assim, e depois alguém acaba por padecer.

E o mesmo se passa para este novo curso no Algarve.

As pessoas não têm conhecimento da organização e dos recursos do SNS e, portanto, as suas opiniões formam-se segundo as experiências que vivem. Se uma pessoa já tiver esperado muito tempo numa sala de urgência várias vezes vai ficar com a ideia que o SNS não funciona, que há poucos médicos, etc. Isso, aliado às noticias negativas que os media adoram publicar para vender jornais, e que muitas vezes não foram alvo de pesquisa profunda e são mais especulação que outra coisa, é que faz as pessoas ficarem com ideia que há de facto poucos médicos. Já para não falar de uma real desorganização do SNS que provavelmente não rentabiliza os médicos existentes.
Os governos aproveitam isso e anunciam o aumento de vagas com toda a pompa e circunstância e não é dificil depois disso anunciado ouvir comentarios no dia-a-dia, de pessoas que não estão dentro do assunto do género: "Aumentaram as vagas para medicina, outro dia fui ao hospital e nota-se logo que temos mais médicos" (quando esse aumento não tem efeitos senão pelo menos 6 anos depois).

Era bom é que com esta nova faculdade, ao menos parassem de sobrecarregar as actuais com aumentos absurdos de vagas, que vão muito além das suas capacidades. Ah espera, mas assim pode-se dizer que entraram mais médicos. Assim há mais dinheirinho para as faculdades, o governo fica bem visto, o zé povinho fica contente e continua a perdoar, e se se formarem piores médicos, vai ser só daqui a 6 anos, o próximo governo que se amanhe.

Isto também passa pela má informação do público. Ao mínimo espirro, febre, tosse, dor muscular, as pessoas recorrem às urgências, sem antes ligarem para a linha de atendimento, onde lhes dirão de certo que nas urgências apenas lhes irão receitar repouso, analgésicos e antipiréticos pois não há cura para a gripe. No estágio de centro de saúde cheguei a ver pessoas a recorrer ao SAP porque ninharias, tais como "estar com o período atrasado" Depois há entupimento de salas de espera e de médicos, que podiam estar a servir muito bem as pessoas que realmente necessitam. A somar a isto, lá está, o mediatismo "à la TVI"... enfim...

Abertas pré-candidaturas para curso de Medicina no Algarve
A Universidade do Algarve abriu ontem as pré-candidaturas para o curso de Medicina, que podem ser efectuadas até final de Março. Os candidatos que formalizarem a sua candidatura até essa altura e que cumpram todos os requisitos descritos nas condições de candidatura no sítio da Internet da instituição serão seleccionados em duas etapas.

A primeira etapa compreende a avaliação de aptidões cognitivas e uma prova de língua inglesa; a segunda fase consiste num conjunto de 10 entrevistas.
A primeira etapa será obrigatória para todos os candidatos, enquanto que a segunda só será feita pelos que obtiverem as melhores classificações na fase inicial.
Os candidatos devem ser possuidores de, pelo menos, um diploma de licenciatura ou equivalente legal e a classificação mínima é de 14 valores.
São aceites candidatos com licenciaturas na área das ciências da natureza - Biologia, Geologia, Química - ciências da saúde e afins - Medicina Dentária, Medicina Veterinária, Enfermagem, Farmácia, Ciências Biomédicas - ou ciências exactas - Matemática, Física e Engenharias.
O curso de medicina da UAlg tem a duração de quatro anos e o ensino clínico começa logo no primeiro ano em centros de saúde e na experiência da Medicina Geral e Familiar, seguindo-se o ensino hospitalar a partir do terceiro ano